Moranguinhos




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Proj.Peda.Jardim S.J.M 2009/10

 

 

PROJECTO PEDAGÓGICO

S. JOÃO MADEIRA 2010/2011

 

PROJECTO PEDAGÓGICO JARDIM-DE-INFÂNCIA

MORANGOSâ SÃO JOÃO MADEIRA

Ano Lectivo 2010/2011

 

 Logo Morangos

 

índice

 

Introdução

 

Capítulo IApresentação Temática

1.1 – A Família – Breve história

1.2 - A Família e a Criança na Contemporaneidade

Capítulo IIProjecto

Objectivos Gerais para os 3 anos

2.1 - Identidade e Autonomia Pessoal

2.2 - Descoberta do Meio Físico e Social

2.3 - Comunicação e Expressão

Objectivos Gerais para os 4 anos

2.4 - Identidade e Autonomia Pessoal

2.5 - Descoberta do Meio Físico e Social

2.6 - Comunicação e Expressão

Objectivos Gerais para os 5 anos

2.7 - Identidade e Autonomia Pessoal

2.8 - Descoberta do Meio Físico e Social

2.9 - Comunicação e Expressão

Capítulo IIIMetodologia e Estratégias

3 - Metodologia de Abordagem de Projecto

Capítulo IVPlano Anual de Actividades

Capítulo VRecursos

5 – Recursos Materiais

5.1 - De Utilização

5.2 – De Desgaste

Capítulo VIAvaliação

 6  - Avaliação / Reformulação da Acção

Referências Bibliográficas

 

 

 

 

 

 

Identificação

 

. Denominação Social: Sociedade a Constituir entre os sócios: Sandra Lourenço e Joaquim Pereira

. Estrutura Jurídica: Sociedade por quotas

. Capital Social: 5.000 €

. Sede Social: Rua António José Pinto Oliveira Zona Industrial das Travessas 3700-309 São João da Madeira

 

 

O Grupo Morangos é um projecto único na área da educação e serviços para crianças, sendo já uma marca reconhecida no mercado português pela sua qualidade e atractivos para os seus alunos, pais, colaboradores e parceiros de negócio.

O Jardim-de-Infância MorangosÒ disponibiliza inovadoras actividades curriculares e extracurriculares, oferecendo espaços de aprendizagem activa e materiais exclusivos MorangosÒ, promovendo o desenvolvimento de cada criança, em cada estádio. Os Educadores dos Jardins-de-infância orientam a sua acção pelo Projecto Educativo e Pedagógico MorangosÒ, estruturados cuidadosamente no seio da sua realidade sociocultural e apoiados em materiais próprios, como os Livros, revistas e CD´s do MoranguiÒ, mascote oficial da marca. O Jardim-de-Infância MorangosÒ tem como objectivo fundamental a promoção do desenvolvimento físico, intelectual, pessoal e social, de uma forma global e harmoniosa, da criança dos 3 aos 6 anos de idade. Disponibiliza ainda Programas de Férias, Transporte Regular e Serviço de Alimentação para os seus alunos.

A MorangosÒ oferece também o serviço de Babysitting e prolongamento de horário que surge a pensar nas necessidades da família actual, mas também nos seus momentos de lazer, pois os pais poderão deixar os seus filhos entregues a pessoal especializado, com total segurança.

O conceito MorangosÒ teve a sua origem no ano de 1997 em Matosinhos (unidade piloto), numa fase inicial na vertente de Academias (6 aos 12 anos) e posteriormente alargado a Creches (0-3 anos) e Jardim-de-Infância (3-6 anos). Criada a pensar nos mais pequenos, a Morangos está presente em todo o país com as suas Creches, Jardins-de-Infância, Academias, Parques Temáticos e mais recentemente com a Loja de Produtos Morangos. Estes espaços encontram-se dotados das mais rigorosas normas de segurança e adequadas soluções de conforto, com a utilização de materiais exclusivos da marca Morangos.

O sistema de expansão territorial da MorangosÒ (Creche, Jardim-de-Infância, Academia, Parque Temático e Lojas de produtos MorangosÒ) desenvolve-se em modelo de franchising, sendo cada unidade gerida de forma independente.

No espaço Jardim de Infância MorangosÒ São João Madeira a gestão do estabelecimento será exercida pelos sócios-gerentes Filipa Moita e Marco Moita, a componente lectiva terá a duração de 25 horas e a Direcção Pedagógica será assumida por uma Educadora de Infância, simultaneamente educadora e coordenadora na Unidade MorangosÒ São João Madeira, 5 educadoras de infância, 6 técnicas de acção educativa e 1 auxiliar de serviços gerais neste primeiro ano lectivo de actividade 2009/2010.

Como base para o trabalho com as crianças do Ensino Pré-Escolar e indo de encontro às necessidades educativas das crianças dessa faixa etária, realizamos e apresentamos o Projecto Pedagógico e o Plano Anual de Actividades.

 

 

 

Introdução

 

O Projecto Pedagógico apresenta-se simultaneamente como um documento e um instrumento de planificação técnicoprofissional a partir do qual as equipas docentes tomam decisões quanto ao quê, quando, como trabalhar e avaliar tendo como referência o currículo estabelecido – o Projecto Educativo – a realidade do meio e as características, necessidades e interesses dos grupos de crianças.

Para a prossecução dos objectivos propostos neste documento será absolutamente necessário realizar um trabalho de equipa com o objectivo de atingir determinados compromissos no que diz respeito às decisões e rumos que se devem tomar em relação aos aspectos já mencionados. Esta equipa encontra-se perante um currículo aberto e flexível que vai permitir ao corpo docente desenvolver um modelo formativo para cada área que seja mais adequada às características, necessidades e interesses de cada grupo de crianças, aos ideais da própria instituição e do Grupo MorangosÒ.

Este documento valorizará assim a compreensão de cada etapa no trabalho de projecto, indo ao encontro das necessidades de diversificação e autonomia da equipa docente na orientação das fases do ensino-aprendizagem e a sua avaliação.

As orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar definem, na Área de Conhecimento do Mundo, como desejável que a criança saiba “situar-se socialmente numa família e outros grupos sociais” – o trabalho do conceito da família com o grupo de crianças, mostra-se, assim fundamental para a aquisição de conhecimentos e adopção de estratégias, utilização de técnicas e ferramentas que permitam à criança identificar-se, movimentar-se e comunicar com saber e desenvoltura no seio da sociedade actual. Paralelamente, e porque falamos de saberes interdisciplinares, a Área de Formação Pessoal e social, considerada uma área transversal na educação dado que todas as componentes curriculares deverão contribuir para promover nos alunos atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadãos conscientes e solidários, define como objectivos que a criança vá tomando consciência de si e dos outros e que será na inter-relação com os outros que a criança “vive” atitudes e valores auto-estima, consideração e de aceitação da diferença. O desenvolvimento da identidade da criança passará pelo reconhecimento das características individuais e pela compreensão das capacidades e limitações de cada um. O respeito pela diferença, que valoriza a diversidade de contributos individuais para o enriquecimento do grupo, favorece a construção da identidade, da auto-estima e do sentimento de pertencer a um grupo, facilitando também o desenvolvimento colectivo. Reconhecer os laços de pertença social e cultural, nomeadamente os laços familiares, respeitando outras culturas faz também parte do desenvolvimento da identidade e será essa a tarefa aqui proposta para o ano lectivo 2010/2011.

Em última instância, como nos diz Almeida (2000: 15-16), o conhecimento aprofundado das famílias com as quais a instituição se relaciona torna-se fundamental pois “A família é (…) um desses lugares de mudança a várias dimensões. A familiarização da criança não deve ser encarada como um traço óbvio ou natural da sua identidade, mas antes (…) como o produto de um processo histórico e de uma visão ideológica do seu lugar social, a família pode servir como janela onde se espreitam transformações estratégicas no campo da Infância”.

 

 

Capítulo I

 

 

1.1 – A Família – Breve história

 

Para falarmos da Criança e do seu lugar na sociedade contemporânea, será importante refazermos o percurso das suas representações legadas historicamente, as marcas ou achados que nos permitem situar o “surgimento” da categoria social Infância. A construção histórica da infância é o resultado de um longo e complexo processo: de representações produzidas sobre as crianças, de reestruturação dos lugares que ocupa no dia a dia, das formas de vida evidenciadas e muito especialmente das modificações das estruturas familiares e da mobilização de organizações sociais ou institucionais para as crianças.

A Infância ou a ideia de Infância não existiu sempre, embora sempre existissem crianças. Fazendo a viagem até aos tempos ancestrais ou “quando não havia crianças”, Neil Postman (1994) pensa justo concluir que os gregos deixaram não mais que uma “sombra” da Infância e salienta também o papel que os romanos tiveram na ligação entre a criança em crescimento e a ideia de vergonha, patenteada na sua arte reveladora de um senso da idade das crianças e dos jovens.

Na Idade Média, o grupo de pessoas a que hoje em dia damos o nome de família era muito indefinido, ele desempenhava o papel de um grupo público onde não se questionavam as invasões na privacidade familiar ou na sua intimidade, simplesmente porque eram praticamente inexistentes fronteiras entre o papel desempenhado pelos membros familiares, entre si e para com os grupos da sociedade. A família era mais uma realidade moral e social do que sentimental (…) (Vilarinho, 2000:22). Na Idade Média as crianças eram como seres sem autonomia e sem estatuto social ou, numa palavra, invisíveis. A sua presença só era notada ou apropriada pelo universo masculino quando eram já capazes fisicamente para o trabalho, para o casamento ou para a guerra (Postman, 1994: 18).

Segundo os estudos efectuados por Ariés (1988) a redefinição do papel da família, e as suas representações na sociedade, operou-se a partir do dealbar da modernidade e constituiu um factor decisivo para a tomada de consciência da Infância na civilização europeia ocidental. Mas esta visibilidade da Infância não trouxe imediatamente o valor afectivo de que hoje em dia as crianças são possuidoras. O sentimento de Infância, segundo Ariés (1973), passou por distintas fases, desde a sua ausência à tomada de consciência no seio familiar e social. A criança medo, a criança transtorno, e a criança brinquedo são alguns dos termos que nos dão uma ideia desta evolução (Vilarinho, 2000:24).

No séc. XVIII surge uma preocupação na defesa de um universo de relações privadas, as relações na família começam a ser vistas de forma separada das relações estabelecidas em sociedade. A criança começa a ter uma maior visibilidade, inserida num grupo mais restrito de adultos responsáveis pela sua educação e instrução. O discurso filosófico de Descartes, em meados do séc. XVIII, anunciava a necessidade dos adultos se libertarem da convivência com o mal (as crianças), mais tarde John Locke apresenta a criança como uma tábua rasa onde os adultos tinham a obrigação de inscrever os conhecimentos necessários para que chegassem a uma vida adulta ou a comportamentos ajustados a ela. Embora ténue, surge aqui o sentimento de obrigação dos entes mais próximos da criança sobre a educação e protecção da criança, embora para Locke educar a criança constitua um simples “processo de adição” (Postman, 1994).

 A consciência social da existência de um capítulo chamado Infância na vida de todos os indivíduos foi estabelecida com o Século das Luzes (Ariés, 1988). A ideia da Infância é mesmo considerada como uma das grandes invenções do Iluminismo que atravessou as fronteiras nacionais e trespassou o tempo cronológico. Nesta altura foi ainda prejudicada pela industrialização desenvolvida no séc. XVIII que, segundo Postman, foi uma constante e formidável inimiga da Infância (1994: 53), já que levou as crianças ao trabalho manual nas fábricas, mas também impulsionada, por exemplo com a proibição do emprego das crianças nas minas em Inglaterra, que apesar de dizer respeito apenas às crianças com menos de dez anos vinca já uma posição de inequívoca afirmação do grupo social Infância na sociedade da época. É nesta altura, em que as crianças começam a ser excluídas de certos contextos da vida social, que se torna emergente a criação de um lugar para elas, a criação de uma Infância a que Neil Postman (1994) chama de “artefacto social”.

No final do séc. XVIII, Rousseau reconhece a criança numa acepção moderna, sendo um ser inocente e natural que não se poderia deixar corromper pela sociedade. Insistindo primeiramente na importância da criança por ela própria e não como um meio para determinado fim e depois na importância da vida intelectual e emocional da criança. Para Rousseau, a “Criança Selvagem” constituía um referencial para as formas elementares de organização social que oferecia uma hipotética estruturação sobre a condição do ser humano nos processos sócio-culturais. A criança é vista como contraponto ao ser adulto, ao seu estado de diferença não-aprendida noutras idades, mas à qual devíamos estar atentos, tomando em conta o que ela é antes de se tornar adulta, para assim se aprender mais sobre as crianças e se poder fazer o “processo de subtracção”, ao contrário das ideias de Locke de que atrás se falou.

Entre o fim do séc. XVIII e o séc. XIX, aliando os progressos médicos e as ideias economicistas, começam a tomar-se medidas pelo combate à excessiva mortalidade infantil que então se verificava. O papel da mãe tornou-se central nos cuidados que deveria proporcionar à criança e ao seu lar: (...) se o homem preferir o exterior, as luzes do cabaré, se as crianças preferirem a rua, seu espectáculo e suas promiscuidades, será culpa da esposa e da mãe (Donzelot, 1986: 46, in Vilarinho, 2000:35). Com esta ideia é valorizado o papel da mãe e da criança. O ‘amor maternal’ como central no grupo familiar deu um grande impulso na evolução da concepção de Infância e do papel das crianças.

No final do séc. XIX e início do séc. XX, assiste-se progressivamente a uma valorização do papel social da Infância para o futuro e progresso das sociedades através dos cuidados que deviam ser prestados às crianças. Passa também a ser legítimo que o Estado intervenha na esfera familiar, principalmente quando se assume a Infância como etapa determinante no desenvolvimento do ser humano. A educação e os cuidados prestados às crianças na família são então considerados como fundamentais para o seu pleno desenvolvimento. Para esta situação muito contribuíram os trabalhos de Jean Piaget, Henri Wallon, Sigmund Freud e John Dewey que, segundo Postman (1994), tomados no seu conjunto, representam uma síntese e um sumário da Jornada da Infância do séc. XVI ao séc. XX.

No período da Revolução Industrial, que leva a mulher (mãe) a trabalhar cada vez mais fora de casa, surgem necessariamente novos contextos de atendimento à infância, quer médicos, assistenciais, quer com função de guarda ou serviços educativos. A escola pública surge também como um importante elemento delimitador da função educativa da família, até aqui exclusiva, e “separa” as crianças das suas famílias cujas funções educativas/formativas sofreram alterações que assumiram novos contornos até aos dias de hoje (Mead, 1977). A separação ou exclusão das crianças de certos domínios sociais dão-se, em quatro espaços estruturais da sociedade (Santos, 1999): no espaço da produção, no espaço doméstico, no espaço de cidadania e no espaço comunitário, pela transferência das vinculações do domínio doméstico no início da modernidade, para o domínio comunitário onde é realizada também a “educação oculta” (Corsaro, 1997). Este período será então o primeiro marco na institucionalização das crianças e da Infância.

 

 

1.2 - A Família e a Criança na Contemporaneidade

 

Será fundamental esta análise das razões históricas para o surgimento ou visibilidade da Infância, das bases que geraram a imagem da criança e dos arquétipos da história e da linguagem, pois a constituição da criança é um problema fundamental das formulações sociológicas da vida colectiva (Jenks, 1997:191). A Infância é vista como uma construção social, já que é referente a um estatuto social delineado por limites que podem ser diferentes em tempos diferentes, dizendo respeito a um contexto cultural particular, mas que fazem parte da estrutura social e se manifestam por condutas também construídas diferenciadamente. Estas construções da Infância são negligenciadas por diversas perspectivas, interesses e disciplinas que definem a Infância ainda hoje como uma fase, um processo estruturado de “vir a ser”, e não como um processo de acção prática ou social corrente e eficiente. Esses processos de “vir a ser” encontram legitimidade nas teorias da socialização. As teorias clássicas de socialização da criança consideram a Infância como uma fase da vida onde, em sede própria e com pessoal especializado, são inculcados os mecanismos que preparam o comportamento da criança, de forma a que ela seja munida de competências que lhe permitam participar nas actividades adultas. Para Durkheim a Infância é uma geração “a socializar”. Para Parsons é o sistema social que enforma e dita a prática social da criança. Para Piaget a criança está num permanente estado de adaptação e reequilíbrio no seio da sociedade. Para estes autores, a criança constitui-se socialmente de forma a que as suas aprendizagens permitam a interiorização das bases fundamentais das noções de ser humano, da acção social e da ordem estipulada, com o apoio das linguagens e racionalidades apreendidas em sociedades ou contextos particulares.

Mais recentemente, o conceito de socialização da criança é objecto de crítica e revisão teórica, sendo vista como um processo de reprodução interpretativa da realidade social, onde as crianças interferem quer na apropriação da cultura, quer na produção dessa cultura e, nesse processo, para a modificação da realidade social em que se inserem. Nesta abordagem interpretativa da socialização na Infância (Corsaro, 1992) não se considera que a criança simplesmente imita os comportamentos adultos por interiorização de normas, valores e condutas de determinada cultura ou sociedade. Considera-se, sim, que as crianças são agentes activos e criativos no exercício da sua actividade social, transformando e reproduzindo de formas diversas a realidade que a envolve, negociando com os adultos e os seus pares e desenvolvendo novas formas comunicacionais, linguísticas, de discurso e de acção que são acrescentadas na cultura adulta dominante (Buckingham, 2002).

Às instituições de ensino cabe a organização curricular e prático-pedagógica que ofereça cada vez mais desafios que levem a criança a uma aprendizagem de alto nível ao proporcionar o acesso a vias de comunicação e informação que permitem à criança estabelecer um confronto com a realidade, dando-lhe um novo significado. Esta acção poderá proporcionar a constituição da criança como elemento com possibilidade de encontrar soluções para as crises que hoje emergem nos diferentes círculos sociais.

Muitas vezes o conhecimento sistematizado encontra resistências por constituir-se como elemento desarticulador das ideias, imagens e conceitos, confortavelmente acomodados, nas estruturas do pensamento infantil. Este facto sugere a necessidade de envolvimento e atitude responsável de toda a estrutura escolar, a fim de desencadear uma nova dimensão educativa que contemple a aprendizagem da criança respeitando as suas características cognitivas. A mudança na prática pedagógica implica o reconhecimento de que não é apenas o professor que deve modificar a sua forma de ensinar, mas que uma série de ajustamentos da escola e da comunidade devem ser considerados ao mesmo tempo no sentido da sua transformação.

Entende-se a família como um sistema no qual interagem o indivíduo e sociedade, portanto espaço socialmente construído nas relações quotidianas, que são permeadas por actividades económicas, sociais e políticas. Propõe-se assim a superação da visão antropocêntrica e de fragmentação, por uma visão holística e sistémica e, portanto, interdisciplinar; a partir de uma prática que encara as diferentes realidades dos grupos familiares como pertencente ao quotidiano e as aborde desde as primeiras representações até às relações mais elaboradas considerando a inclusão da família, na sua estrutura, diferenças e contradições como elemento importante no processo de socialização e aprendizagem.

Assim, acredita-se que ao oferecer materiais concretos, relatos de episódios e experiências vivenciais, atingir-se-á a interiorização dos conceitos preconizados nas Áreas de Conhecimento do Mundo e Formação pessoal e Social adequados às classes pré-escolares. O que se procura é um novo fazer aliado a uma prática que respeite as características pessoais e cognitivas, possibilitando a construção de conceitos intimamente ligados às vivências infantis, e que forneça à criança uma aprendizagem de qualidade e consequentemente duradoura.

Para tanto, cabe ao educador, em consonância com as directrizes temáticas propostas no currículo em que está envolvido, agendar objectivos, temas e acções que possam garantir a riqueza das aprendizagens previstas. Será necessário que, envolvido com esta prática, também o educador encontre nela significado.

Sendo assim, o educador deve manter-se atento e disposto a ouvir e observar as manifestações das crianças, desencadeando um diálogo instigante, ligando factos e coisas, comuns ou não, a fim de alargar os caminhos do raciocínio infantil e elevar as explicações a outro patamar. Os educadores, assim entendidos como mediadores, reelaboram e dão um novo significado às informações diárias que recebem. Ás crianças não é pedido que tenham todas as informações, mas que aprendam o significado dessas informações para a sua vida quotidiana.

Nesta perspectiva, o adulto visto como aquele que tem a possibilidade de mediar esta construção de conhecimento, serve-se da sua mais abrangente vivência, tornando-se capaz de proporcionar a ocorrência de relações de diálogo no espaço quotidiano da escola, estabelecendo também um nexo entre as culturas e as várias linguagens das crianças. Será possível perceber a diversidade da sala nas diferentes famílias que a constituem, como factor de enriquecimento dos mundos das crianças e dos seus movimentos e descobertas.

Escutar atentamente as ideias das crianças constitui-se como a forma de auscultar o seu interesse e despertar a curiosidade para novas descobertas. Para uma aprendizagem eficiente é preciso relacionar e fazer encontrar estas ideias em diferentes contextos, possibilitando considerar as características das crianças, os seus conhecimentos próprios e o seu raciocínio.

 

 

      Capítulo II

 

 

Objectivos Gerais para os 3 anos

 

 

2.1 - Identidade e Autonomia Pessoal

 

• Saber adaptar o seu próprio comportamento às necessidades e problemas das outras crianças.

• Adquirir hábitos de bem-estar, higiene, segurança pessoal e saúde.

• Adquirir e dominar a coordenação e o controle dinâmico geral do próprio corpo (deslocação, marcha, corrida, saltos,...) com o fim de aprender a executar tarefas simples da vida quotidiana, actividades de exercício físico e expressão de sentimentos e emoções.

• Identificar os seus próprios sentimentos, desejos e emoções e saber comunicá-los aos outros, assim como aperceber-se e respeitar os das outras pessoas.

• Ter uma atitude de respeito em relação às características e qualidades das outras pessoas, sem reacções de humilhação ou discriminação quanto ao sexo ou qualquer outro aspecto que os torne diferentes.

• Ter uma imagem correcta e positiva de si mesmo, sabendo identificar as suas próprias características.

• Ter capacidade de iniciativa e de planear e realizar tarefas simples, ou problemas da vida quotidiana, procurando nos outros a ajuda necessária.

• Saber utilizar a coordenação visual e manual necessárias para manejar e explorar objectos em tarefas relacionadas com actividades do quotidiano e com as diferentes formas de representação gráfica.

• Saber utilizar as suas próprias capacidades motoras, sensoriais e de expressão nas diferentes acções da vida quotidiana.

 

 

2.2 - Descoberta do Meio Físico e Social

 

• Ter conhecimento das formas mais comuns de organização da vida humana (trabalho), aprendendo a valorizar a sua utilidade, começando progressivamente a tomar parte nelas.

• Ter conhecimento das várias formas de comportamento social, e das normas que regem o grupo em que se encontra integrada, de modo a estabelecer facilmente vínculos adequados de relacionamento interpessoal, para além de saber identificar a diversidade de relações que mantém com os outros.

• Ter conhecimento e tomar parte em festas, tradições e costumes do meio em que está inserido, tirando, ao mesmo tempo, partido dessa participação.

• Saber estabelecer algumas relações entre as características do meio físico e os modos de vida que esse meio proporciona.

• Saber identificar as diferentes relações familiares – graus de parentesco.

• Mostrar interesse e curiosidade pela compreensão do meio físico e social, quer formulando perguntas, quer procurando interpretar e dando opiniões sobre alguns acontecimentos mais importantes que aí se desenrolam.

• Mostrar interesse e curiosidade pelos objectos, desenvolvendo, desta forma, características de espontaneidade e originalidade.

• Saber observar as mudanças e as alterações que vão acontecendo em todos os elementos que a rodeiam (pessoas, animais, plantas, objectos), conseguindo identificar alguns factores que neles têm influência (clima, estação do ano, alimentação, intervenção do homem).

• Saber observar e explorar o meio físico e social que o envolve, sendo capaz de estabelecer relações entre a sua própria acção neste mesmo meio e as consequências que daí advêm.

• Ter capacidade de orientação e movimentar-se de forma autónoma nos espaços que lhe são habituais e que frequenta diariamente sabendo utilizar adequadamente as diferentes infra-estruturas à sua disposição (colégio, parque,...)

• Participar nos diversos grupos com que se relaciona no decurso das diversas actividades escolares.

• Participar nos diversos grupos com que se relaciona, aprendendo progressivamente a ter respeito pelos outros.

• Aprender a valorizar a importância da natureza.

 

 

2.3    - Comunicação e Expressão

 

• Ser capaz de compreender as intenções e mensagens que lhe são transmitidas pelas outras crianças e pelos adultos, aprendendo a valorizar a linguagem oral, como forma de comunicação com os outros.

• Ser capaz de compreender e reproduzir alguns textos relacionados com a cultura tradicional, mostrando interesse e tirando partido deles.

• Saber expressar sentimentos, emoções, desejos e ideias através da linguagem oral e escrita.

• Aprender a interessar-se e a apreciar algumas das diversas obras artísticas que lhe são mostradas.

• Aprender a interessar-se e a apreciar os seus próprios trabalhos, os dos companheiros e demais obras que lhe forem mostradas.

• Saber interpretar imagens como forma de comunicação e aprendizagem.

• Saber utilizar as diversas formas de representação (linguagem oral, expressão plástica, dramática, corporal e musical e a linguagem matemática) para expressar situações, acções, desejos e sentimentos, quer sejam do domínio real, quer do imaginário.

• Saber utilizar as diferentes formas de representação e expressão, no sentido de aumentar as suas capacidades de expressão.

• Saber utilizar as possibilidades da forma de representação matemática para conseguir descrever alguns objectos e situações que se desenrolam à sua volta, bem como as respectivas características e propriedades, e tirar partido das suas potencialidades.

• Saber utilizar os símbolos extra-linguísticos para dar significado e reforçar a expressão das suas mensagens.

• Saber utilizar as técnicas e os recursos mais básicos das diversas formas de representação e expressão de forma a aumentar as suas possibilidades comunicativas e expressivas.

• Valorizar a linguagem oral e escrita como forma de relacionamento com os outros.

 

 

Objectivos Gerais para os 4 anos

 

 

2.4    - Identidade e Autonomia Pessoal

 

• Saber adaptar o seu próprio comportamento às necessidades, pedidos e explicações das outras crianças e dos adultos, evitando atitudes, quer de submissão, quer de domínio sobre os outros, aprendendo, ao mesmo tempo, a desenvolver atitudes de cooperação.

• Aperceber-se dos seus próprios sentimentos e necessidades, saber comunicá-los aos outros e saber captar e respeitar os sentimentos e as necessidades dos outros.

• Desenvolver atitudes e hábitos de ajuda e colaboração.

• Descobrir e utilizar as capacidades motoras, sensoriais e expressivas do seu próprio corpo e saber adoptar a postura corporal adequada às actividades diárias.

• Dominar a coordenação e o controle dinâmico do seu próprio corpo com o objectivo de saber manejar e tirar o maior partido dos objectos necessários à execução das tarefas do quotidiano, às actividades de desempenho físico e à expressão de sentimentos e emoções.

• Fazer progressos na aquisição de hábitos relacionados com o bem-estar físico, a higiene e a saúde, assim como noutros relacionados com a execução de tarefas várias.

• Aprender a ter uma atitude de respeito para com as características dos outros, sem atitudes de humilhação ou discriminação relacionadas com o sexo ou qualquer outro aspecto que os torne diferentes.

• Ter uma imagem correcta e positiva de si próprio, saber identificar as suas características e qualidades pessoais e mostrar um nível aceitável de auto-confiança.

• Ter capacidade de iniciativa, de planeamento e de realizar as suas próprias acções, de forma a aceitar as pequenas desilusões e mostrar aptidão para superar dificuldades.

• Saber utilizar a coordenação visual e manual e a habilidade manual necessária para manejar e explorar objectos com um grau de precisão cada vez maior, nas tarefas quotidianas e nas que se encontram relacionadas com as diversas formas de representação gráfica.

 

 

2.5 - Descoberta do Meio Físico e Social

 

• Ter conhecimento das formas mais habituais de organização da vida humana, valorizando a sua utilidade e aprendendo a participar progressivamente em algumas delas.

• Ter conhecimento das normas e formas de comportamento social dos grupos em que se encontra inserida.

• Ter conhecimento e participar em festas, tradições e costumes familiares e da comunidade a que pertence.

• Conhecer e utilizar as normas e os hábitos de comportamento social dos grupos a que pertence.

• Saber identificar as relações familiares: graus de parentesco.

• Mostrar interesse e curiosidade pela compreensão do meio físico e social, colocando questões, fazendo interpretações e formulando opiniões próprias sobre alguns acontecimentos que nele se desenrolem.

• Saber observar as mudanças e alterações do meio físico e social que o envolve, podendo até conseguir identificar alguns dos factores que o influenciam (clima, fenómenos meteorológicos,...).

• Saber observar as mudanças e modificações a que estão submetidos os elementos do seu ambiente familiar e saber identificar alguns dos elementos que os podem influenciar.

• Saber observar e explorar o seu envolvimento físico e social, actuando em função da informação recebida, aprendendo a constatar os seus efeitos e a estabelecer relações entre a sua própria actuação e as consequências que daí derivam.

• Ter uma actividade autónoma nos espaços que utiliza diariamente.

• Participar nos diversos grupos com que se relaciona no decurso das suas actividades habituais, aprendendo a ter sempre os outros em consideração.

• Aprender a utilizar adequadamente a terminologia relativa à organização do tempo (hoje, amanhã,...) e do espaço.

• Respeitar e aprender a cuidar da natureza, valorizando a sua importância e o seu aporte qualitativo para a vida humana.

 

 

2.6 - Comunicação e Expressão

 

• Ser capaz de compreender as intenções e mensagens que as outras crianças e os adultos lhe transmitem, valorizando a linguagem oral como forma de relacionamento com os outros.

• Ser capaz de compreender e reproduzir textos relacionados com a tradição cultural (adivinhas, canções, ditados e quadras populares, contos, poesias, lenga-lengas, etc. ...), aprendendo a valorizá-los e a interessar-se por eles.

• Ser capaz de compreender, memorizar e reproduzir alguns textos da tradição cultural.

• Ser capaz de exprimir oralmente sentimentos, desejos e ideias.

• Mostrar interesse e apreço pelos trabalhos dos outros e também por algumas obras artísticas que lhe sejam apresentadas.

• Ser capaz de interpretar e reproduzir imagens como forma de comunicação e de prazer, descobrindo e identificando elementos básicos (tamanho, cor, forma,...)

• Saber interpretar, produzir, relacionar e pôr imagens em sequência.

• Saber utilizar diversas formas de representação (linguagem oral, expressão plástica, musical, corporal e linguagem matemática) para exprimir e comunicar situações, desejos, acções ou sentimentos, quer sejam do domínio real, quer do imaginário.

• Saber utilizar as normas que regem o processo linguístico em narrativas, diálogos, conversas, etc. ...

• Saber utilizar as possibilidades de representação matemática com a finalidade de descrever objectos, situações, etc., do meio que o rodeia e saber descrever as suas características e propriedades e algumas acções em que podem ser utilizados, prestando atenção ao processo de utilização e aos resultados obtidos.

• Saber utilizar os símbolos linguísticos para reforçar o significado das mensagens que transmite e conseguir atribuir um sentido adequado àquelas que recebe.

• Saber utilizar as mais variadas formas de representação (plástica, musical,...) no sentido de aumentar as suas capacidades de expressão.

 

 

Objectivos Gerais para os 5 anos

 

 

2.7 - Identidade e Autonomia Pessoal

 

• Saber adaptar o seu comportamento às necessidades, perguntas, pedidos e explicações das outras crianças e dos adultos. Ter influência no comportamento dos outros, evitando adoptar atitudes de submissão ou de domínio e desenvolvendo atitudes de ajuda, colaboração e cooperação.

• Adquirir a coordenação e o controle dinâmico do próprio corpo para executar tarefas relacionadas com as diferentes formas de representação gráfica.

• Adquirir a coordenação e o controle dinâmico geral do próprio corpo com o fim de executar tarefas do quotidiano e actividades lúdicas. Aprender igualmente a exprimir sentimentos e emoções.

• Saber aplicar a coordenação visual-motora e a destreza manual necessárias para manusear e tirar partido de objectos com um grau de precisão cada vez maior, com vista à realização de actividades da vida quotidiana e de tarefas relacionadas com as várias formas de representação gráfica.

• Descobrir e utilizar as suas capacidades motoras, sensoriais e expressivas, adequando-as às diversas actividades que leva a cabo diariamente.

• Aprender a identificar os seus sentimentos, desejos e emoções e saber comunicá-los, assim como a aperceber-se e a respeitar os dos outros.

• Aprender a identificar progressivamente as suas capacidades e limitações, valorizá-las adequadamente e actuar em sintonia com as mesmas.

• Progredir na aquisição de hábitos e atitudes relacionadas com o bem-estar, a segurança pessoal, a higiene e a prevenção da saúde.

• Ter iniciativa em relação a resolver tarefas fáceis e ter uma atitude em que vai valorizá-las e ao mesmo tempo a reconhecer as suas limitações, actuando de acordo com elas.

• Tomar a iniciativa, planear e desenvolver acções no sentido de desempenhar tarefas fáceis ou problemas da vida diária. Aceitar as pequenas frustrações, ter uma atitude que lhe permita superar as dificuldades com que se depara, procurando nos outros a colaboração necessária.

• Ter uma imagem ajustada e positiva de si mesmo, identificando as suas características e qualidades pessoais, valorizando as suas possibilidades e limitações para actuar de acordo com elas.

• Tomar a iniciativa, planificar e sequenciar a própria acção para resolver tarefas derivadas de problemas da vida quotidiana. Aceitar as pequenas frustrações e manifestar uma atitude que tenda a superar as dificuldades que se apresentam, indo buscar aos outros a colaboração necessária.

 

 

2.8- Descoberta do Meio Físico e Social

 

• Conhecer as formas mais comuns de organização da vida humana, aprendendo a valorizar a sua utilidade e começando progressivamente a tomar parte nelas.

• Conhecer as várias formas de comportamento social dos grupos em que se encontra inserida e aprender a estabelecer vínculos de relacionamento interpessoal.

• Identificar as diversas relações que estabelece com os outros.

• Conhecer e participar em festas, tradições e costumes relacionados com o meio em que vive, aprendendo a valorizá-los como manifestações culturais.

• Estabelecer relações entre as características do meio físico e as formas de vida que nele se desenvolvem.

• Mostrar interesse e curiosidade pela compreensão do meio físico e social.

• Saber formular perguntas, interpretações e opiniões sobre alguns acontecimentos relevantes que se produzem no meio físico e social, desenvolvendo a sua espontaneidade e originalidade.

• Observar as mudanças e alterações a que estão submetidos os elementos do meio envolvente.

• Saber identificar factores que influem sobre os elementos do meio envolvente.

• Observar e explorar o meio físico e social envolvente, mostrando interesse e curiosidade.

• Observar e explorar o meio físico e social envolvente.

• Saber planear e ordenar as suas actividades em função da informação recebida e constatar os seus efeitos.

• Aprender a estabelecer relações entre a própria actuação e as consequências que dela derivam.

• Orientar-se e actuar autonomamente nos espaços quotidianos em que se movimenta (casa, colégio, etc.)

• Utilizar adequadamente as técnicas básicas relativas à organização do tempo e do espaço, em relação às suas vivências periódicas e habituais.

• Participar nos diversos grupos com os quais se relaciona, no decurso das suas actividades, tomando gradualmente em consideração as pessoas que a rodeiam.

• Valorizar a natureza e a sua importância para a humanidade.

• Aprender a ter atitudes de respeito e cuidado em relação ao meio ambiente e intervir neste sentido, na medida das suas possibilidades.

 

 

2.9 - Comunicação e Expressão

 

• Saber utilizar as diversas formas de expressão e representação para evocar situações, acções, desejos e sentimentos, tanto de tipo real como imaginário.

• Ter capacidade para compreender, reproduzir e recriar alguns textos da tradição cultural.

• Saber valorizar, apreciar e mostrar interesse em relação a textos da tradição cultural.

• Saber utilizar a linguagem oral para exprimir sentimentos, desejos e ideias, conseguindo adaptar-se progressivamente aos diferentes contextos e situações de comunicação que acontecem habitualmente. Conseguir também adaptar-se aos diferentes interlocutores com os quais pode estabelecer o mesmo tipo de contactos.

• Aprender a ler, interpretar e produzir imagens como forma de comunicação de desejos, de emoções, de informações e de prazer.

• Descobrir e identificar os elementos básicos da língua materna.

• Utilizar as diferentes possibilidades de representação matemática para descrever alguns objectos e situações do meio envolvente, as suas características, propriedades e algumas actividades que se podem realizar a partir deles, prestando atenção, tanto ao processo utilizado como aos resultados obtidos.

• Utilizar as técnicas e os recursos básicos das diferentes formas de representação e expressão com o objectivo de aumentar as suas capacidades comunicativas.

• Aprender a interessar-se pela linguagem escrita.

• Dar valor à linguagem escrita como instrumento de informação e prazer e também como meio de comunicar sentimentos, pensamentos, desejos, emoções e informações.

• Aprender a utilizar as regras que regem as trocas linguísticas e os sinais meta linguísticos nas diferentes situações de comunicação para reforçar o significado das suas mensagens e atribuir um correcto significado àquelas que recebe.

• Ser capaz de compreender as intenções e as mensagens que as outras crianças e os adultos lhe comunicam.

• Valorizar a linguagem oral como meio privilegiado de comunicação.

• Aprender a interessar-se e a apreciar os seus trabalhos e os dos colegas, bem como algumas obras figurativas e artísticas que sejam submetidas à sua observação.

• Atribuir progressivamente um significado adequado ás obras figurativas e artísticas alheias, a fim de ir compreendendo o meio cultural em que se insere.

 

 

     Capítulo III

 

 

3 – Metodologia de Trabalho de Projecto

 

A metodologia utilizada é a Abordagem de Projecto. Esta metodologia permite um estudo pormenorizado sobre determinada temática, centrado nos interesses da criança, pois a acção da criança é elemento central e mais importante. Será esta acção que contribuirá para facilitar, ou permitir, construir o seu conhecimento em relação ao mundo.

O uso desta metodologia dá oportunidade à criança para questionar, investigar, solucionar e aumentar o seu conhecimento em relação a fenómenos ou acontecimentos que para si são relevantes e significativos. A metodologia de trabalho de projecto permite também uma interdisciplinaridade entre todas as áreas e domínios de conteúdo. Com esta metodologia o trabalho com o grupo de crianças é estruturado em diferentes fases:

1 - Definição ou abordagem da temática com o grupo de crianças

2 – Planificação das actividades a implementar com o grupo de crianças

3 – Execução das actividades com o grupo de crianças

4 – Avaliação – é realizada no final do projecto e as próprias crianças avaliarão todo o processo na conclusão do mesmo.

5 - Divulgação do projecto é feita durante o seu desenvolvimento, mas deve planificada uma apresentação de divulgação para os pais e comunidade envolvente e escolas vizinhas.

Os adultos responsáveis pelo grupo deverão ficar atentos às crianças observando-as e escutando-as para identificar a situação problema, o assunto que despertou interesse ou que merece ser aprofundado. Será muito útil o registo das falas das crianças na forma de “tempestade de ideias”, não fechando a rede para propiciar as articulações necessárias com outros factos. O papel do adulto é fulcral no acompanhamento que faz dos acontecimentos, seleccionando os factos, ampliando-os, associando-os a outros e comunicando com o grupo de crianças.

O processo de planeamento é fundamental para que as crianças realizem a plena vivência de cada momento do projecto. Devem ser porém considerados alguns critérios para o planeamento de projectos, como:

 

. as actividades que as crianças podem realizar;

. a aplicação das suas capacidades;

. a disponibilidade de recursos;

. o interesse do adulto;

. o momento do ano lectivo que o projecto surge.

 

Durante o desenvolvimento do projecto ou projectos, as novas tecnologias e os meios audiovisuais e software didáctico são utilizados como instrumentos de ensino e aprendizagem de excelência, com os quais as crianças aprendem brincando.

De forma permanentemente é também disponibilizado um acompanhamento técnico do percurso e desenvolvimento da criança, tendo em conta os seus resultados escolares e bem-estar psicológico, criando assim um espaço de articulação e comunicação contínua entre a instituição e a família, ambos agentes educativos.


     Capítulo IV

 

 

4 – Plano Anual de Actividades

 

 

 

Mês

 

Actividades

 

Conteúdos

 

Observações

 

 

Setembro

Organização das salas e materiais

Adaptação das crianças aos educadores, espaço e tempo da instituição

Reunião de pais

Áreas, regras gerais e específicas, material e denominação.

Execução de Placards (aniversário, responsabilidades, etc.).

 

 

 

Outubro

Introdução e exploração da Temática “Família” através do “CD1 MoranguiÒ A Família”

Quem sou eu – Árvore genealógica

O que é a Família

Conhecer diferentes organizações familiares

Conhecimento do “eu” na estrutura familiar

Introdução dos suportes didácticos do Grupo Morangos: CD “Vamos brincar com o MoranguiÒ – A Família”

 

 

 

 

Novembro

Lenda de S. Martinho

Dramatização da Lenda de S. Martinho pelas Crianças

Festa e convívio de S. Martinho com os pais e familiares das crianças

Conhecimento da lenda de s. Martinho.

Inserir a família nas vivências da instituição

 

Festa do Magusto no espaço exterior com os grupos de crianças, adultos e familiares ligados à instituição.

 

 

 

Dezembro

Ida ao Circo;

Decoração da instituição e Árvore de Natal

Elaboração do Presépio

Festa de Natal.

Características gerais da época e sua simbologia (Pai Natal, Menino Jesus, família, sentido de partilha e solidariedade).

A Família do menino Jesus

O pai, a mãe e os avós

 

 

Janeiro

Elaboração de instrumentos de música simples com a ajuda dos pais

Cantar as janeiras nas salas da instituição e pela vizinhança

Vivência das tradições culturais

Observação da constituição e habitats de famílias reais

Introdução dos suportes didácticos do Grupo Morangos: LIVRO “Sonho na Terra dos Morangos”

 

 

Fevereiro

Execução de fantasias e máscaras com a colaboração dos pais

Desfile/Corso carnavalesco

Exploração do Carnaval e suas características simbólicas

Exploração dos momentos partilhados/fotografados com os familiares

 

 

 

Março

Execução de uma prenda para o Pai.

Festa do dia do Pai

Comemoração do dia Mundial da Árvore.

O Pai no seio familiar – exploração dos papéis legados e actuais do homem na família

Apresentação/exposição dos trabalhos realizados pelas crianças sobre a família até aqui

 

 

Abril

Comemoração da Primavera

Palestra sobre o Ambiente aberta aos pais e à comunidade

Sensibilizar a família para os eventos da instituição

Os irmãos e os netos

 

 

Maio

Execução de uma prenda para a Mãe.

Festa do dia da Mãe

A mãe no seio familiar – exploração dos papéis legados e actuais da mulher na família

 

 

 

Junho

Festa surpresa para as crianças – Dia Mundial da Criança

Introdução do “Jogo dos Direitos da Criança”

Comemoração do dia da Criança

Exploração lúdica dos direitos da criança – o direito a ter uma família

 

 

 

Julho

Festa de Finalistas.

Manhãs de praia

Reunião de pais

 

Conhecimento de espaços diferentes (culturais, desportivos, lúdicos, pedagógicos, etc.).

Actividades Temáticas da Academia

Saídas efectuadas mediante o programa a apresentar pela Unidade Morangos

 


    Capítulo V

 

 

5 – Recursos Materiais

 

 

5.1 - De utilização

 

. Material diverso de mobiliário e equipamento administrativo; Manuais técnicos e didácticos;

. Audiovisuais (televisão, vídeo, leitor de CD, câmara de filmar, máquina fotográfica, projector de slides, retroprojector);

. Suportes didácticos produzidos pelo Grupo Morangos®:

. Compact Disc: Morangui I “A Família” e Morangui II “A Amizade” – inclui conteúdos áudio com 5 músicas originais e conteúdos multimédia com jogos, karaoke, biblioteca e actividades de expressão plástica;

. Livro I “Sonho na Terra dos Morangos” de (A. Honrado e A. Albuquerque, 2006) – inclui uma ficha com sugestões de actividades para os educadores, complementada com as canções do CD Morangui I e com as actividades propostas pela Revista MoranguiÒ, de tiragem trimestral

. Livro II “À Pesca de Histórias na Terra dos Morangos” (A. Honrado e A. Albuquerque, 2006) – inclui uma ficha com sugestões de actividades para os educadores, complementada com as canções do CD Morangui II e com as actividades propostas pela Revista MoranguiÒ, de tiragem trimestral;

. Vestuário de adultos e de crianças e diverso material indispensável ao cuidado, higiene e sono das crianças, exclusivos da marca Morangos.

 

 

5.2 - De desgaste

 

Material diverso de expressão plástica (papéis variados na qualidade, textura, forma e cor; leque de materiais de pintura como tintas adequadas, lápis de cor, marcadores de água, etc.; materiais de modelagem como plasticina, barro, gesso, etc.)

Diverso material de desperdício para reutilização (caixas, cartões latas, etc.).

 

 

     Capítulo VI

 

 

6 – Avaliação/Reformulação da Acção

 

O Projecto pedagógico é o guia das actividades lectivas e deverá promover uma aprendizagem globalizante e articulada, adequando as estratégias às características da criança ou grupo de crianças e explorando as suas motivações e interesses.

 

Caberá ao adulto educador, em articulação com os membros da equipa educativa, observar “intensamente” a criança nas suas acções singulares e na sua evolução, como fundamento da diferenciação pedagógica no contexto educativo. Conhecer a criança e a sua família na sua singularidade permitirá obter a base do planeamento do trabalho e da avaliação da criança.

    O planeamento do trabalho educativo implica que o educador reflicta sobre as suas intenções educativas e as formas de as adequar ao grupo de crianças, igualdade de oportunidades, organizando os recursos humanos e materiais necessários à sua concretização.

    A concretização das intenções educativas na acção implica que o educador as adapte às propostas das crianças, tirando partido de situações e oportunidades imprevistas. A participação de outros adultos – técnicas, pais, outros membros da comunidade – é extremamente importante como forma de alargar as interacções das crianças e enriquecer o processo educativo.

    A avaliação do processo e efeitos, implica tomar consciência da acção para adequar ao processo educativo às necessidades das crianças, do grupo e à sua evolução.

    A avaliação realizada com as crianças é uma actividade educativa, constituindo também a base de avaliação para o educador. A sua reflexão, a partir dos efeitos que vai observando, possibilita-lhe estabelecer a progressão das aprendizagens a desenvolver com cada criança. Neste sentido a avaliação é suporte do planeamento.

    A comunicação e a partilha das informações e conhecimentos adquiridos sobre cada criança e o modo como esta evolui, enriquece o processo educativo pelo envolvimento com os adultos responsáveis pela educação da criança: colegas, auxiliares, pais e familiares.

    A articulação entre os ciclos de escolaridade, no sentido de proporcionar as condições para que ela se efective, é também função da equipe educativa. A transição da creche para o Jardim-de-Infância e depois para a escolaridade obrigatória em conjunto com a relação estabelecida com as famílias das crianças, são condições de promoção da continuidade educativa e de sucesso nas aprendizagens futuras do percurso escolar de cada criança.

 Considerada a avaliação como uma parte fundamental do processo educativo que deve referir-se, não apenas aos resultados alcançados, mas também ao próprio processo, com a finalidade de orientar de forma contínua, tanto o conjunto de crianças, como o corpo docente.

A avaliação das crianças deve reflectir como e quando se produzem os processos de desenvolvimento e aprendizagem e, para isso, tem de fazer parte do próprio processo educativo. Além de contínua e individualizada, tem de ser global: valorizar cada um na sua totalidade e não nas aprendizagens parciais e prolongar-se ao longo de todo o processo educativo.

Por isso, a avaliação do processo de ensino e aprendizagem será global, contínua e formativa. A avaliação inicial terá em conta as características do meio em que a criança vive e partirá da avaliação recolhida anteriormente. A avaliação formativa permitirá ao educador indagar que alterações se verificam como resultado das diferentes intervenções ou que objectivos convenham propor continuar. O educador avaliará também o seu próprio projecto de trabalho, tornando possível uma leitura adequada da sua adaptação e desempenho.

Sem esquecer a incidência dos factores mencionados anteriormente, uma avaliação nesta fase deveria ter, entre outras, as seguintes características:

-                            Objectiva e fiável, isto é, que possa voltar a ser aplicada;

-                            Flexível, que sem perder o seu grau de generalização, respeite o mais possível, as características particulares de cada indivíduo;

-                            Prática, utilizando a metodologia mais fácil possível, que permita recolher o maior número possível de informações;

-                            Natural e espontânea, sem introduzir alterações, assente numa opinião bem definida do educador, sem influências nem hesitações e pondo de lado os resultados duvidosos: quer sejam bons ou maus.

 

 

     Referências Bibliográficas

 

 

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ALMEIDA, Ana Nunes (1997) “As mudanças sociais e as transformações das relações”. Nº 13/14. Janeiro/Julho 1997, p. 30-33.

 

 

BIZZO, N. (1998). Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática.

 

 

SEBER, Maria da Glória (1997) “Psicologia do pré-escolar: uma visão construtivista”. São Paulo: Moderna, 1995.

 

 

 

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